Eternizei esse amor na minha sobrevida. Calei em mim os mais dolorosos gemidos para que não sofressem com o uivo do meu lamento. Refleti na cara manchada pelo tempo desfeito um sorriso pálido de saudade, igualmente parecido com um ar curioso, para fazer-lhes crer ser ânsia de dias vindouros. Travesti minhas lágrimas em emoção da lembrança, para que não percebessem que era tristeza mesmo. Chorei escondida no meu universo um pranto interior. Falei para mim que resistiria por vocês, mas está difícil, cada dia mais difícil. Resta-me orar, para que eu consiga abstrair da concretude o desespero abstrato, mas real, que se me faz morrer todo dia, não gostaria que os fizesse. Pois se velo o meu corpo, mato para sempre a única fidedigna expressão de vocês aqui.
Desembaraço
Finalmente, tive coragem. Publiquei meus textos. Todos aqueles por anos calados no meu HD saltitaram pelo www, para poderem ser criticados e ridicularizados. Haviam sido lidos por amigos da mais alta intimidade que talvez silenciaram um riso de desdêm. Agora estão aí jogados às piranhas, para o apetite coletivo. Não temo mais o embaraço...
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
domingo, 2 de dezembro de 2012
Vilã
Quanto tempo sem sentir esse submundo de nós mesmos. Dias e dias vividos sem conhecimento dessa possibilidade. Lembrança talvez melhor se ajustasse. Distante do vasculhar do âmago, não percebemos os vícios criados, os erros passados, os traumas. Desenvolvemos paradigmas absolutos e não nos colocamos mais diante de algumas situações em que ousávamos mergulhar. E a justificativa para isso é nada além de medo. Nada. Nem sinal de novos tempos. Cada novidade mal vista em nossos módulos sociais é meticulosamente afastada. Mas deixei a paixão tirar a razão e chorei. Chorei muito só que sem alarde. Fingi para mim estar no auge do meu conformismo, quando lá dentro a mistura de tudo me afligia com tal intensidade que eu tinha medo de continuar. Queria ele, mas temia aquilo. Fui covarde. Estou sendo agora, porque não tenho forças para viver isso. Despeço-me com a mesma coincidência do encontro no desencontro. Amar é preciso, mas sofrer não.
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