Pra quem minto? A minha essência é amor. Eu vivo o mundo com a vida a fundo. Se é para sofrer vou ao auge da dor. Não se cresce sem lágrimas. Não se constrói um mundo omitindo as falhas. A hipocrisia não venda os olhos dos sensitivos. A minha rebeldia não consegue afastar iguais rebeldes amigos. Não paro na trilha se há mais horizonte, ainda que doa. Não peco se vinga a mais sábia justiça de Deus a balizar-me a fronte. É dia de luta, ainda que eu morra.
Desembaraço
Finalmente, tive coragem. Publiquei meus textos. Todos aqueles por anos calados no meu HD saltitaram pelo www, para poderem ser criticados e ridicularizados. Haviam sido lidos por amigos da mais alta intimidade que talvez silenciaram um riso de desdêm. Agora estão aí jogados às piranhas, para o apetite coletivo. Não temo mais o embaraço...
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Borboleta
Sai do casulo. Pude sair. Fiz-me borboleta e voei por breves instantes. Eles voltaram. Recuei a minha beleza dentro daquele espaço ermo e pareci inexpressiva. Era só como larva no esconderijo escuro que eles me admiravam. Temeroso seria se eu fosse mais que eles... Mas o problema é que eu sabia voar.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Ignorância
Saiu de cena, me fez pequena, diminuída. Aquilo tudo concretizava enorme o eufemístico pesar antevisto. Temi não consegui me recompor, saber quem sou, depois dali. Repuxava-se o rosto ao centro na mais tênue tentativa do riso. E eu só queria um pequeno impulso de felicidade. Eu não seria mais. Então bebi de mim em fotos revistas, tentando encontrar novamente aquela versatilidade de artista, alguma capacidade de ser feliz de muitas formas poucas... Tudo que me sobrava era o drama, porém. A gana que me fez um dia chegar me impedia agora de conseguir ir além. Eu me acorrentava ali por saber que nada mais seria tão intenso. Chorei cada gota de mim esvaziada na futilidade futura de amores pretensos. Qualquer viver era pouco, depois daquilo. Eu preferia ter ignorado. Desconhecer a singularidade era poder sorrir muito com qualquer coisa.
sábado, 3 de setembro de 2011
O Exato Instante do Adeus
Fui a primeira a interferir na cena já consumada, que todos ainda criam fosse se rebobinar. Entretanto, estava feito e tudo que restava eram trechos de pensamentos jogados em dúvidas simuladas. Não havia perguntas, simplesmente porque a única resposta era de conhecimento geral. Mas no incômodo do silêncio e na insistência da ignorância, a interrogação banal não era só pertinente, fazia-se necessária. Refiz meus passos tentando aceitar. Olhei pela segunda vez com mais firmeza tentando vasculhar simultaneamente meu universo de experiência, para checar se lá havia algo póstumo a se reviver. Qualquer coisa que me munisse de forças suficientes a me permitir auxiliar, ou ao menos, possibilitar não piorasse as coisas. Obviamente não havia. Sequer existia naqueles em cujas mão as decisões eram postas a forças. Na verdade, aquele pensamento maduro era desconcertante para os adultos infantilizados pela impotência, com a qual eu aprendera a viver dali pra frente. Data do óbito: 9.12.1992. Hora da morte: o momento errado.
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