Desembaraço
Finalmente, tive coragem. Publiquei meus textos. Todos aqueles por anos calados no meu HD saltitaram pelo www, para poderem ser criticados e ridicularizados. Haviam sido lidos por amigos da mais alta intimidade que talvez silenciaram um riso de desdêm. Agora estão aí jogados às piranhas, para o apetite coletivo. Não temo mais o embaraço...
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
Nada muda
Hoje morri por ele pela primeira vez. Achei que não haveria mortes desse tipo desta feita. Afinal, muitos já se passaram, e eu deveria ter aprendido. Afinal, ele não parecia do tipo homicida, mas todos somos no fundo nesse mundo onde a entrega é piegas e a necessidade de guarida é, contudo, um fato certo. Deveras, o homicídio é antes de qualquer coisa um ato egoísta de quem prefere no impulso ou meticulosamente dar fim a se forçar mais. A dificuldade não é para esses playboys de existência que têm jornais na porta de casa, crédito no banco e mulheres sem amor arreganhadas à beira da cama. Enfim, a hora que o medo bate, não se pensa em mais ninguém, nada além de fugir daquilo que angustia, de procurar algum tipo volátil de saciedade. E aí se vai de carona quando se sabe ela espera por ti. Bebe-se mais porque uma conversa mais profunda sem máscaras é de um mundo mais sem graça. No fim, são tiros em histórias de pode ser, mortas antes do nascedouro pelo tal "medo de viver" a vida madura de que por uma vida toda nos esquivamos, vida esse, que às vezes, amigo, sinto dizer, tem pedras no caminho. A pergunta é:,Até que ponto devemos por amor a Deus (que hoje é a única coisa que me conduz) aceitar essa bosta de fuga? Devemos assisti-la com pipoca ou gritar feito técnico no jogo da final? Porque é uma puta mediocridade de essência ver a porra toda encenando sem que o protagonista bote fim no espetáculo de sua miséria, é um tanto faz ou na maré ignorante para caralho. E mais, especificamente nesse contexto diminuto e muito mais superficial em que me coloco: o que eu deveria fazer agora com Ele? Jogar-lhe anos todos de atitudes similares (um copo cheio transbordado por um peteleco) e simplesmente dizer adeus sem mais, eu e o meu saco cheio de mediocridades de outrora (inclusive minhas). Deveria respirar fundo e dizer com a maior calma do mundo: "filho, senta aqui, deixa eu te contar o que descobri sobre como a vida é complexa". Eu poderia ainda gritar "olha a merda que tu tá fazendo!". Mas, enfim, quem sou eu? Sou uma criança nesse mundo sem noção. Devo dizer que também passa pela mesma cabeça o alimentar minha própria mediocridade com beijos de bocas sagazes pelo instante da derrota dele ou procurar abraços de madrugada que curam o ego, mas incendiam a carência. Mediocridade minha! Fato é que não sei a resposta de como devo agir, mas tenho algumas eliminações óbvias. Dizer que todos optam pela relatividade das relações é me desconvencer das bocas e abraços, já que abandonei há tempo o que chamam de argumento de "autoridade", ou, no caso, de "popularidade". Veja os sórdidos desse mundo e a eliminação é evidente. O dia que "todo mundo" puder me definir eu seria a pessoa mais feliz do mundo; a ignorância é uma benção. E no meio dessas perguntas toca "Live is a Losing Game" na porra do meu rádio que só pode ter como locutor esse tal de Deus piadista. Aí concluo que ninguém será capaz de entender a minha complexidade e eu nem choro mais as lágrimas pesadas que costumavam cair (o que me deixa ainda mais surpresa). Tudo isso nesse canto de bar da Avenida Paulista que aprendeu a me abraçar nesse teco de compreensão criada às custas de alguns vários vinténs.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário