Desembaraço

Finalmente, tive coragem. Publiquei meus textos. Todos aqueles por anos calados no meu HD saltitaram pelo www, para poderem ser criticados e ridicularizados. Haviam sido lidos por amigos da mais alta intimidade que talvez silenciaram um riso de desdêm. Agora estão aí jogados às piranhas, para o apetite coletivo. Não temo mais o embaraço...

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Deslize, Sra.

O mundo me desagrada. Desagrada-me o mundo. Não quero ser a chata, mas me desagrada o mundo. Às vezes me conformo com a chatice, galante sou comigo, e me felicito pelo desagrado. Outros preferem uma sequência dos três símbolos, F32, um F33 quem sabe, afinal é mais importante uma tarja contra a presença, essa que melindra a falsidade. 


Às vezes tudo que quero: pertencer. Mais nada. Nada questionar. Rir, sorrir, apagar qualquer riso, mas deixar. Em silêncio, procuro o controle. Descontruo dentro muitas caixas preciosas, mas me entristece a percepção de algo que não encaixa e que o preciso, num afã necessário à minha existência de fazer brilhar os olhos, ainda que pela esperança de que se lide urgentemente com as inexistências das existências todas. 

Quando criança, o círculo tinha seu espaço. Apunha na casinha de formas, teto vermelho, parte de baixo branca, janelinhas em quadrado e cruz, colocava o círculo colorido, gentilmente, e lá se ia, manso, deslizava numas palmas de encontro. Eu ria. Que delícia. Slap, pumba. E se ia, novamente, chaves da caixinha aberta para ver as formas novamente encontrarem seu destino aprisionadas, impostas juntas, naquele breu. Quadrado não cabia no círculo, o círculo só entrou no lugar quadrado quando quebrei a caixinha... 

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